GERAL
24/02/2025 14H29

Em áudio obtido e
divulgado pela PF, Mauro Cid afirma que manifestantes interpretaram documento
como garantia de proteção das Forças Armadas para atos em frente ao Congresso e
ao STF
Uma carta elaborada
por comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022 fez com que
manifestantes acampados no Quartel General (QG) do Exército se sentissem
seguros para avançar em direção à Praça dos Três Poderes, segundo afirmou o
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, em áudio obtido pela
Polícia Federal (PF). O material foi divulgado pela corporação no domingo (23).
De acordo com o
áudio, a carta foi vista por organizadores dos acampamentos como um respaldo
das Forças Armadas para que eles pudessem tomar a frente do movimento e
intensificar manifestações antidemocráticas contra o resultado das eleições
presidenciais, inclusive com o deslocamento das manifestações para a frente dos
prédios do STF e do Congresso Nacional.
No final de novembro
de 2022, comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica divulgaram uma
carta intitulada “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”. O documento defendia o
direito da livre manifestação e condenava quaisquer ações que restringissem os
protestos.
Na gravação divulgada
no domingo, Mauro Cid cita ainda que os organizadores dos acampamentos tinham
medo de se expor e sofrer retaliação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
No entanto, ao saberem da carta, sentiram que o Exército garantiria a segurança
deles.

“Então, com a carta
das Forças Armadas – que o pessoal elogiou muito –, eles estão se sentindo
seguros para dar um passo à frente. […] Os organizadores dos movimentos vão
canalizar todos os movimentos que estão previstos no dia 15 [de dezembro] como
ápice, a partir de agora lá para o Congresso, STF… Para a Praça dos Três
Poderes, basicamente. E o que eles entenderam dessa carta: obviamente que os
movimentos vão ser convocados de forma pacífica e eles estão sentindo o
respaldo das Forças Armadas”, diz Mauro Cid em áudio enviado ao então
comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes.
“Agora, esses
movimentos vão botar o nome deles no circuito para aparecer lideranças que
puxam o movimento para o STF e Congresso. Eles vão colocar o nome deles na
frente nisso aí. E aí o medo deles é retaliação por parte do Alexandre de
Moraes. Então, no entendimento deles, essa carta significa que as Forças
Armadas vão garantir a segurança deles”, prosseguiu o ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro.
De acordo com o
relatório da Polícia Federal, os áudios mostram uma a interlocução entre
lideranças das manifestações antidemocráticas e integrantes do governo do então
presidente Jair Bolsonaro para intensificar as manifestações e direcioná-las
fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu
no dia 8 de janeiro de 2023.
O áudio de Mauro Cid
foi extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação
sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022, que resultou na denúncia de 34
pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito